CDI vs Selic

Por Redação

CDI vs Selic

No universo de índices financeiros, o CDI e a Taxa Selic parecem estar unidos de forma curiosa. A verdade é que esses dois índices, embora aplicados a valores e montantes completamente diferentes, possuem uma paridade.

O importante é notar que o CDI em si é um índice que acompanha a Selic com alguma desvantagem, em geral, embora permaneça acima dos índices inflacionários.

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O que são CDI e Selic?

O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é um instrumento fundamental para que você entenda outros investimentos e aplicações do mercado financeiro. Do mesmo modo, a Taxa Selic é um índice econômico primordial: estão atrelados a ela não apenas investimentos, mas índices salariais, de correção de juros em caráter governamental e administrativo, entre outros.

Os CDIs foram criados ainda na década de 1980 – são títulos emitidos por instituições financeiras que servem para lastrear operações entre bancos. Eles parecem muito com os CDBs, mas sua negociação é restrita ao mercado interbancário.

A Taxa Selic, por outro lado, é uma ferramenta de política monetária utilizada pelo Banco Central do Brasil para atingir a meta das taxas de juros estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ao contrário do CDI, ela sofre influências diretas da administração pública e serve de base para os juros cobrados pelas instituições financeiras.

Tanto a Selic como o CDI são índices empregados parcialmente ou em sua totalidade como referências para títulos e investimentos de renda fixa.

Vários investimentos estão atrelados ao CDI, como é o caso dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), letras em geral e outros.

A Selic, por sua vez, oferece base de cálculo para os rendimentos da caderneta de poupança e aplicações como os os títulos e letras do Tesouro Nacional.

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Histórico

Durante a primeira década após a sua criação, em meados dos anos 1980, o CDI deu origem a toda uma nova gama de investimentos em renda fixa com menor exposição a políticas monetárias e decretos governamentais.

Naquela ocasião, os altos índices inflacionários e as grandes oscilações nas políticas monetárias no País criavam instabilidade em ativos de renda fixa. Os títulos lançados a partir do CDI refletiam de forma mais realista o caixa e as movimentações dos próprios bancos e acabavam por ser menos dependentes de decisões políticas.

Recentemente, o cenário econômica mais estável no Brasil levou a uma paridade bastante regular entre os dois indicadores, como é possível observar no quadro:

 

CDISELICInflação (IPCA)

2018

6,42%6,50%3,75%

2017

6,43%7,40%2,95%

2016

10,42%10,445%6,29%

2015

13,238%13,286%10,67%

2014

10,813%10,91%6,41%
20138,06%8,21%

5,91%

20128,396%8,482%

5,83%

201111,595%11,616%

6,5%

20109,75%9,782%

5,9%

Ao avaliar, nesse cenário, investimentos em renda fixa baseados em porcentagens da DI, é possível deduzir que investimentos em renda fixa que pagam menos de 100% da CDI ficam abaixo da própria Selic, ou seja, a rentabilidade é menor do que a dos títulos públicos e outras aplicações de renda fixa atreladas ao próprio juro do governo.

Em outras palavras, quando o mercado começa a oferecer títulos e opções com rendimentos abaixo de 100% da DI, aplicações em títulos públicos tornam-se mais vantajosas.

Entretanto, como foi dito, a Taxa Selic está sempre sujeita a decisões de caráter político-governamental e, mais recentemente, tivemos uma considerável mudança nesse aspecto.

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Como os investimentos são afetados?

Em fevereiro de 2019, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 6,5% anuais, um ajuste que começou a ser feito em março de 2018.

Analistas do mercado financeiro divergem sobre o futuro da taxa: para o Itaú Unibanco, a Selic será reduzida para 5,75% até o fim de 2019. Mas o Relatório de Mercado Focus, que traz a mediana com a opinião de 100 analistas do mercado financeiro, indica um aumento para 7,50% ao ano até o meio de 2020.

Para quem optar por investimentos de renda fixa no longo prazo, o cenário de estabilidade da Selic permite uma melhor visão dos ganhos a partir de títulos.

Para CDBs, LCAs, LCIs e outras opções de renda pré-fixada atrelada ao CDI, aplicações que oferecem 105% da CDI ou mais tornam-se necessariamente uma opção mais vantajosa.

As projeções de estabilidade criam um horizonte melhor para investidores de perfil mais conservador. Rendimentos mais baixos, porém de alta previsibilidade e ganhos relativamente proporcionais.

Para investidores mais agressivos e arrojados, a redução da Selic e consequente acompanhamento da Taxa de DI, tornam os investimentos em renda fixa uma opção ainda menos compensatória.

De um modo geral, a possível redução das taxas de juros e uma menor expectativa futura em relação a possíveis altas pode acelerar o mercado de renda variável e aplicações financeiras em ações e derivativos, ampliando a movimentação em bolsa.

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