Conta de pagamento é a nova fronteira das fintechs

Por Emily Moura

Conta corrente digital com limite ajuda o consumidor que precisa apenas das operações financeiras básicas

As contas de pagamento podem receber a portabilidade do salário, desde que a empresa autorize

O número de fintechs tem aumentando rapidamente no Brasil. O site Finnovation divulgou, em maio de 2018, um mapa das startups do setor financeiro no País, uma pesquisa realizada em parceria com o Finnovista e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Em oito meses, houve um crescimento de 22%, para 377 novos negócios. De lá para cá, esse número deve ter aumentado muito mais. Mas quando se olha os dados da pesquisa, os bancos digitais saltam aos olhos. A expansão foi de 147% nesse período, um fenômeno empurrado por Banco Inter, Agibank e Neon.

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O que esses neo-bancos oferecem é tecnologia e inovação para facilitar o dia a dia do consumidor. As contas digitais, por exemplo, cabem na palma da mão e dispensam a obrigação de passar em uma agência. Dentro dessa experiencia digital surgiu a conta de pagamento, que chegou para facilitar as movimentações básicas com dinheiro.

NuBank_cartãoA conta de pagamento oferece operações básicas como pagamento de contas, de compras online e em lojas físicas e a utilização da função débito. Ela não tem tarifas e apresenta um benefício para o consumidor: o dinheiro fica aplicado em títulos públicos, como o Tesouro Direto, o que garante um pequeno rendimento. É o que acontece com a NuConta, do Nubank. É importante destacar que somente instituições reguladas pelo Banco Central podem oferecer a conta de pagamento. Por isso, além das fintechs, como o Nubank, empresas de cartões trabalham nesse mercado, como é o caso de Stone, Cielo, GetNet, BPP e Rede.

Desde que as novas regras de portabilidade de contas do Conselho Monetário Nacional (CMN) entraram em vigor, em 1° de julho de 2018, os pedidos de mudança de instituição financeira aumentaram exponencialmente. Como a portabilidade se aproximou do modelo utilizado pelas operadoras de celular – todo o processo é feito na nova instituição financeira em vez de o pedido de transferência ter início no banco atual do cliente –, há menos burocracia para escolher uma conta digital, corrente ou de pagamento. Em três meses, mais de 443 mil solicitações de portabilidade de contas foram registradas. E entre essas solicitações, 6% foram para conta de pagamento.

SALÁRIO NA CONTA DE PAGAMENTO
O que beneficiou as contas de pagamento foi a validação para que elas também pudessem receber a portabilidade do salário – desde que a instituição destino seja autorizada pelo BC. Essa nova possibilidade criou uma confusão de entendimento sobre o que é a conta de pagamento e a conta salário. A diferença entre elas é que a conta salário é solicitada por uma empresa e ela só fica ativa durante o vínculo empregatício do funcionário. Ela foi criada para o depósito de salários e aposentadorias e não faz nenhum outro tipo de operação financeira. A conta de pagamento pode ser aberta por qualquer pessoa e pode até receber o salário, se a empresa concordar e autorizar.

Além do acesso digital, um dos atrativos da conta de pagamento é poder escolher entre a pré ou a pós-paga. Se a conta de pagamento pós-paga se aproxima das características de um cartão de crédito (há uma data mensal fixa para o pagamento do valor), a pré-paga realiza as operações básicas enquanto tiver saldo. Ambas, porém, tem um limite máximo de depósito de R$ 5 mil. O que se verifica é que a conta de pagamento é ideal para quem recebem até cinco salários mínimos e faz movimentações financeiras básicas, como pagamentos e compras pela internet. Mas quem precisa de um limite superior a R$ 5 mil e utiliza mais recursos financeiros, o caminho são as contas digitais.